sexta-feira, 4 de junho de 2010

Zero Hora 04 de junho de 2010 N° 1635
FARRA NAS CADEIAS
Susepe volta a apostar em detectores de metais
Superintendência desistiu de instalar bloqueadores de telefones celularesSusepe volta a apostar em detectores de metais
Superintendência desistiu de instalar bloqueadores de telefones celulares
O uso de bloqueadores de celulares, tecnologia tratada durante muito tempo como a principal esperança para acabar com a farra dos celulares nas cadeias gaúchas, foi agora descartado pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Falhas na tecnologia levaram o órgão a desistir de instalar os futurísticos bloqueadores para voltar a apostar nos detectores de metais e no velho e conhecido aparelho de raio X.A tecnologia dos celulares em frequente evolução e a dificuldade em limitar o bloqueio à área das prisões foram as causas da desistência da Susepe, apontou ontem o superintendente do órgão, Mario Santa Maria Júnior. Não existe garantia de empresa alguma de que o bloqueio não se alastre para a zona residencial à volta das penitenciárias, sustenta o dirigente. Além disso, a cada dois anos a tecnologia se torna obsoleta. Assim, o investimento, previsto em R$ 8 milhões, rapidamente perderia a eficácia. A Susepe decidiu descartar a ideia após 10 meses de testes e alguns anos de promessas.– Testamos no Presídio Central (de Porto Alegre) e na Pasc (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas). O que fizemos: nós recuamos e começamos a fazer um estudo para a aquisição de (aparelhos de) raio X e detectores de metais – afirmou Santa Maria.A promessa é comprar 41 esteiras iguais às existentes em aeroportos, 200 portais detectores de metais como os existentes em fóruns, 180 detectores de metais manuais e uma novidade que o superintendente viu em Londres (Inglaterra), uma cadeira na qual a pessoa senta e o sistema verifica o interior da genitália e dos intestinos. O preço para adquirir esses equipamentos seria equivalente ao dos bloqueadores.O superintendente garante que todos passarão pelos detectores, desde apenados a servidores, passando por advogados e visitantes.– Faz uns seis meses que eu expedi uma portaria proibindo todo servidor penitenciário e advogado a ingressar na área das celas com aparelho celular. Somente o diretor e o chefe da segurança podem entrar com o aparelho – disse o superintendente.A ideia dos bloqueadores de sinal nas cadeias surgiu em São Paulo no início de 2001, quando o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) conflagrou 17 presídios com rebeliões, fazendo centenas de reféns. Em 2002, o equipamento chegou a ser instalado em oito casas prisionais. Entretanto, o governo paulista desistiu do projeto porque ficou obsoleto, e preferiu investir em aparelhos de raio X e e detectores de metais para evitar a entrada dos celulares nas cadeias.A política de instalar detectores de metais nas cadeias chegou a ser implantada no Estado, mas não teve sequência. Atualmente, há equipamentos de raio X em poucas prisões gaúchas. São de uma época em que eram a esperança de solução para a farra dos celulares, por meio dos quais os presos comandam tráfico e assaltos e ordenam execuções fora das celas.Em setembro de 2000, uma comissão de deputados vistoriou presídios gaúchos e condenou a revista íntima nas pessoas que visitam os presos. A seguir, houve a garantia do então superintendente, Aírton Michels, de aquisição de máquinas de raio X.No Estado, a intenção da direção atual da Susepe é instalar esses equipamentos e detectores de metais nos presídios maiores e médios do regime fechado e também nas principais prisões regionais e casas de regime aberto. O pedido já está na Secretaria de Planejamento. Santa Maria aposta ser possível começar a instalar os aparelhos em três meses:– No sistema penitenciário, se não tiver otimismo, não se trabalha mais.

Comentário:
Essa farra de celulares nas cadeias gaúchas, vem desde a invenção do celular, e pelo que se sabe celulares não tem asas, ou seja, não entrão voando nos presídios. É claro que alguém repassa para os detentos, daí a solução é aplicar dinheiro público em aparelhos de última geração em um prédio da década de 60, e todos nós sabemos que ainda assim teremos que ler e ouvir notícias como esta. Não seria mais barato e eficáz combater a corrupção, pois o próprio Superintendente declara: – Faz uns seis meses que eu expedi uma portaria proibindo todo servidor penitenciário e advogado a ingressar na área das celas com aparelho celular. Somente o diretor e o chefe da segurança podem entrar com o aparelho. Será que ele está desconfiando dos advogados e agentes?

Paulo Dornelles

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